domingo, 18 de outubro de 2009

Os Bosques


Os grandes bosques, tanto quanto os mares, os lagos, as águas correntes e profundas, inspiraram aos primeiros homens um terror religioso: o mugido ou mumúrios do vento nas grandes árvores causava-lhes uma emoção que transportava o seu pensamento para um poder superior e divino. Assim, as florestas e os bosques foram os primeiros lugares destinados ao culto da divindade. Além disso, foi nos bosques que os primeiros homens fixaram sua morada, e era natural que fizessem habitar os deuses onde também eles habitavam. Escolhiam os sítios mais sombrios da sua religião. Parecia-lhes que na meia claridade, sob as sombras quase impenetráveis aos raios do sol, a divindade se aproximava mais facilmente deles, comunicava-se mais livremente e prestava mais atenção às suas preces. Mais tarde, quando reunidos em sociedade, os homens construíram templos. A arquitetura desses edifícios, por suas altas colunas, as abóbodas, a semi-obscuridade, evocavam ainda a floresta dos tempos primitivos.
Em lembrança dessas velhas idades, plantavam-se sempre, tanto quanto era possível, ao redor dos templos e dos santuários, algumas árvores que ficavam sendo tão respeitadas como os próprios templos. Muitas vezes essas árvores eram tão numerosas que formavam um bosque sagrado. Era nesses bosques que se reuniam nos dias de festas; faziam-se refeições publicas, acompanhadas de danças e de folguedos. Nas árvores, penduravam-se ricas ofertas. As mais belas eram ornadas de festões e laços, como as estatuas dos deuses. Os bosques sagrados eram como outros tantos asilos, onde o homem e os animais inofensivos ficavam sob a proteção da divindade.
Em Claros, ilha do Mar Egeu, “existia, diz Elien, um bosque consagrado a Apolo, onde nunca entrava animal feroz. Viam-se nos arredores muitos veados, que perseguidos pelos caçadores, se refugiavam no interior do bosque; os cães, rechaçados pela força onipotente do deus, debalde ladravam e não ousavam entrar, enquanto que os veados pastavam sem nada temer”.
Em Epidauro, o templo de Esculápio era cercado por um bosque sagrado, fechado por todos os lados por poderosas fronteiras. Nesse recinto não se deixava morrer nenhum dos enfermos vindos para consultar o deus.
As florestas mais veneradas da Grécia eram a de Neméia, na Argolida, onde se celebravam, em honra de Hércules, os Jogos Nemeus, e a de Dodona, em Epiro, onde por um favor de Jupiter, os carvalhos divulgavam oráculos.

O carvalho, mais especificamente o Quercus robur, ficou sucessivamente associado a Júpiter e na mitologia nórdica a Donar-Thor, sempre o deus dos raios e trovões. É o signo basal da astrologia celta, onde o nome druida, semelhante ao termo grego para carvalho sagrado, drus, significa sabedoria da árvore.