quinta-feira, 29 de outubro de 2009

As Águas - Lagos e Outros

Os lagos, os tanques, os pântanos, objetos de um culto religioso, tinham as suas divindades tutelares como as fontes e os cursos d’água. Não somente a imaginação dos poetas colocava ninfas e Náiade em seus abismos misteriosos, ou entre os seus juncais, mas também os povos elevavam, nas suas margens, templos ou santuários consagrados às mais poderosas divindades. Diana era particularmente venerada nas margens do Lago Estínfalo, na Arcádia. Erguia-se no seu templo uma estátua de madeira dourada, conhecida sob o nome de Estínfalo. Ao redor da imagem dessa deusa, estavam outras estátuas de mármore branco que, sob a forma de donzelas, representam as diversas aves do lago. Desgraçados dos habitantes da cidade vizinha, Estínfalo, se abandonassem o culto da deusa: as águas do lago imediatamente manifestavam a cólera de Diana, e só à custa de preces e de sacrifícios preservariam a região dos estragos da inundação.
Os povos da Itália olhavam como deuses todos os lagos e rios do seu país; adoravam o Lago de Alba, o Lago Fucino, os de Arícia e de Cutília, tão religiosamente como os rios Clitumno e Númico.
Algumas vezes, os lagos dissimulavam na sua profundidade a entrada do Inferno, tais como o Lago (ou pântano) de Lerna, na Argólia, e o Lago Averno, na Itália.
“Os argivos, diz Pausânias, pretendem que foi pelo Lago de Lerna que Baco desceu aos Infernos para daí retirar sua mãe Sêmele”.
O Lago Averno era consagrado a Plutão. Suas águas empoçadas, e talvez sulfurosas exalavam miasmas nauseabundos e deletérios: os pássaros que voavam sobre elas caiam asfixiados, o que lhe deu o nome Averno (a, privativo, que tira, + ornis, pássaro). Acreditava-se que esse lago comunicava com as moradias infernais; às suas margens estava o oráculo das Sombras de que fala Homero, ao qual, em seu regresso, Ulisses foi consultar.
Conta Estrabon que esse lago era cercado de árvores, cuja copa inclinada formava uma abóboda impenetrável aos raios do Sol. Acrescenta que tendo sido cortadas essas árvores, por ordem de Augusto, o ar se purificou. Realmente, os pássaros voam hoje sem perigo sobre as águas desse Lago de Campânia.