quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

A Roda I


O círculo sugere a roda, mas com certa valência de imperfeição, porque ela se refere ao mundo do vir a ser, da criação continua, portanto da contingência e do perecível. Simboliza os ciclos, os reinícios, as renovações. O mundo é como uma roda, como uma esfera numa esfera, segundo o pensamento de Nicolau de Cusa.
Com a asa, a roda é um símbolo privilegiado do deslocamento, da libertação das condições de lugar e do estado espiritual que lhes é correlativo.
É um símbolo solar na maior parte das tradições: rodas abrasadas descendo das alturas do Solstício de verão, procissões luminosas se desenrolando sobre as montanhas no Solstício de inverno, rodas transportadas em cima de carros por ocasião das festas, rodas esculpidas sobre as portas, roda da existência etc. Numerosas crenças, fórmulas e práticas associam a roda à estrutura dos mitos solares.

Na índia, os Sete atrelam o carro numa roda única: um único corcel de nome sétuplo move a roda de cubo triplo, a roda imortal que nada faz parar, sobre a qual repousam todos os seres. Para os celtas e os indianos é símbolo cósmico e solar. Mag Ruith é o mago das rodas, Magnus rotarum; é com a ajuda de rodas que ele pronuncia seus augúrios druidicos. Ele é também senhor, mestre das rodas, neto do rei universal. É o equivalente do chakravarti, o que move a roda. Na China, o detentor da roda tem em seu poder o império celeste.
Mas como explicar esta Constancia do símbolo na maioria das culturas?
O simbolismo muito difundido da roda advém, ao mesmo tempo, de sua estrutura radial e de seu movimento.

Os raios da rocha fazem com que ele apareça como um símbolo solar. È ligada a Apolo, bem como ao raio e à produção do fogo. O chakra é um atributo de Vishnu, que é um aditya, um sol. Entretanto, esse chakra é mais propriamente um disco que uma roda. Nos textos e na iconografia da Índia, a roda tem freqüentemente doze raios, numero zodiacal e número do ciclo solar. As rodas de carro são um elemento essencial na representação do Sol, da Lua, dos planetas. Trata-se ainda, sobretudo, de evocar a viagem dos astros, seu movimento cíclico. Os trinta raios tradicionais da roda chinesa são o signo, pelo que diz respeito a eles, de um ciclo lunar.