quinta-feira, 29 de outubro de 2009

As Águas - Lago


As Águas - Fontana Di Trevi



As Águas - Lagos e Outros

Os lagos, os tanques, os pântanos, objetos de um culto religioso, tinham as suas divindades tutelares como as fontes e os cursos d’água. Não somente a imaginação dos poetas colocava ninfas e Náiade em seus abismos misteriosos, ou entre os seus juncais, mas também os povos elevavam, nas suas margens, templos ou santuários consagrados às mais poderosas divindades. Diana era particularmente venerada nas margens do Lago Estínfalo, na Arcádia. Erguia-se no seu templo uma estátua de madeira dourada, conhecida sob o nome de Estínfalo. Ao redor da imagem dessa deusa, estavam outras estátuas de mármore branco que, sob a forma de donzelas, representam as diversas aves do lago. Desgraçados dos habitantes da cidade vizinha, Estínfalo, se abandonassem o culto da deusa: as águas do lago imediatamente manifestavam a cólera de Diana, e só à custa de preces e de sacrifícios preservariam a região dos estragos da inundação.
Os povos da Itália olhavam como deuses todos os lagos e rios do seu país; adoravam o Lago de Alba, o Lago Fucino, os de Arícia e de Cutília, tão religiosamente como os rios Clitumno e Númico.
Algumas vezes, os lagos dissimulavam na sua profundidade a entrada do Inferno, tais como o Lago (ou pântano) de Lerna, na Argólia, e o Lago Averno, na Itália.
“Os argivos, diz Pausânias, pretendem que foi pelo Lago de Lerna que Baco desceu aos Infernos para daí retirar sua mãe Sêmele”.
O Lago Averno era consagrado a Plutão. Suas águas empoçadas, e talvez sulfurosas exalavam miasmas nauseabundos e deletérios: os pássaros que voavam sobre elas caiam asfixiados, o que lhe deu o nome Averno (a, privativo, que tira, + ornis, pássaro). Acreditava-se que esse lago comunicava com as moradias infernais; às suas margens estava o oráculo das Sombras de que fala Homero, ao qual, em seu regresso, Ulisses foi consultar.
Conta Estrabon que esse lago era cercado de árvores, cuja copa inclinada formava uma abóboda impenetrável aos raios do Sol. Acrescenta que tendo sido cortadas essas árvores, por ordem de Augusto, o ar se purificou. Realmente, os pássaros voam hoje sem perigo sobre as águas desse Lago de Campânia.

sábado, 24 de outubro de 2009

O Mundo Fantástico dos Seres Indeterminados


Sereias

Filhas do Rio Aquelôo e da Musa Calíope. Ordinariamente contam-se três: Parténope, Leucósia e Ligéia, nomes gregos que evocam as idéias de candura, de brancura e de harmonia. Outros dão-lhes os nomes de Aglaofone, Telxiepe e Pisinoe, denominações que exprimem a doçura de sua voz e o encanto de suas palavras.
Conta-se que no tempo do rapto de Prosérpina, as sereias foram à terra de Apolo, isto é, à Sicilia e que Ceres, para puni-las de não haverem socorrido sua filha Prosérpina, transformou-as em aves.

Percebam esta história com outra leitura.

Ovídio, diz que as sereias, desoladas com o rapto de Prosérpina, pediram aos deuses que lhes dessem asas para que fossem procurar sua jovem companheira por toda a terra. Habitavam rochedos escarpados sobre as margens do mar, entre a Ilha de Capri e a costa da Itália.

O oráculo predisse às sereias que elas viveriam tanto tempo quanto pudessem deter os navegantes à sua passagem; mas desde que um só passasse sem para sempre ficar preso ao encanto das suas vozes e das suas palavras morreriam. Por isso, essas feiticeiras, sempre em vigília, não deixavam de deter pela sua harmonia todos os que chegavam perto e cometiam a imprudência de escutar os seus cantos. Elas tão bem os encantavam e os seduziam que eles não pensavam mais no seu país, na sua família, em si mesmos; esqueciam de beber e comer, e morriam por falta de alimento. A costa vizinha estava toda branca dos ossos daqueles que assim haviam perecido.
Entretanto, quando os argonautas passaram nas suas paragens, fizeram elas vãos esforços para atraí-los. Orfeu que estava no navio, tomou de sua lira e as encantou a tal ponto que elas emudeceram e atiraram os instrumentos ao mar.
Ulisses foi obrigado a passar com o seu navio diante das sereias, mas advertido por Circe, tapou com cera as orelhas de todos os seus companheiros, e se fez amarrar, de pés e mãos, a um mastro. Além disso, proibiu que o desligassem se, por acaso, ouvindo a voz das Sereias, manifestasse o desejo de parar. Tais precauções não foram inúteis. Ulisses, mal ouviu suas doces palavras e suas promessas sedutoras, apesar do aviso que recebera e da certeza de morrer, deu ordem aos companheiros que o soltassem, o que felizmente eles não fizeram. As sereias, não tendo podido deter Ulisses, precipitaram-se no mar, e as pequenas ilhas rochosas que habitavam, defronte do promontório da Lucárnia, foram chamadas Sirenusas. As sereias são representadas ora com cabeça de mulher e corpo de pássaro, ora com todo o busto feminino e a forma de ave, da cintura até os pés. Nas mãos tem instrumentos: uma empunha uma lira, outra duas flautas, a terceira gaitas campestres ou um rolo de musica, como para cantar. Também pintam-nas com um espelho. Não há nem um autor antigo que nos tenha representado as sereias como mulheres-peixes.
Pausânias conta ainda uma fábula sobre as sereias:”As filhas de Aquelôo, diz ele, encorajadas por Juno, pretenderam a glória de cantar melhor do que as musas, e ousaram fazer-lhes um desafio, mas as musas, tendo-as vencido, arrancaram-lhes as penas das asas, e com elas fizeram coroas”. Com efeito, existem antigos monumentos que representam as musas com uma pena na cabeça. Apesar de temíveis ou perigosas, as sereias não deixaram de participar das honras divinas; tinham um templo perto de Sorrento.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Por que escrever algo?

domingo, 18 de outubro de 2009

Os Bosques


Os grandes bosques, tanto quanto os mares, os lagos, as águas correntes e profundas, inspiraram aos primeiros homens um terror religioso: o mugido ou mumúrios do vento nas grandes árvores causava-lhes uma emoção que transportava o seu pensamento para um poder superior e divino. Assim, as florestas e os bosques foram os primeiros lugares destinados ao culto da divindade. Além disso, foi nos bosques que os primeiros homens fixaram sua morada, e era natural que fizessem habitar os deuses onde também eles habitavam. Escolhiam os sítios mais sombrios da sua religião. Parecia-lhes que na meia claridade, sob as sombras quase impenetráveis aos raios do sol, a divindade se aproximava mais facilmente deles, comunicava-se mais livremente e prestava mais atenção às suas preces. Mais tarde, quando reunidos em sociedade, os homens construíram templos. A arquitetura desses edifícios, por suas altas colunas, as abóbodas, a semi-obscuridade, evocavam ainda a floresta dos tempos primitivos.
Em lembrança dessas velhas idades, plantavam-se sempre, tanto quanto era possível, ao redor dos templos e dos santuários, algumas árvores que ficavam sendo tão respeitadas como os próprios templos. Muitas vezes essas árvores eram tão numerosas que formavam um bosque sagrado. Era nesses bosques que se reuniam nos dias de festas; faziam-se refeições publicas, acompanhadas de danças e de folguedos. Nas árvores, penduravam-se ricas ofertas. As mais belas eram ornadas de festões e laços, como as estatuas dos deuses. Os bosques sagrados eram como outros tantos asilos, onde o homem e os animais inofensivos ficavam sob a proteção da divindade.
Em Claros, ilha do Mar Egeu, “existia, diz Elien, um bosque consagrado a Apolo, onde nunca entrava animal feroz. Viam-se nos arredores muitos veados, que perseguidos pelos caçadores, se refugiavam no interior do bosque; os cães, rechaçados pela força onipotente do deus, debalde ladravam e não ousavam entrar, enquanto que os veados pastavam sem nada temer”.
Em Epidauro, o templo de Esculápio era cercado por um bosque sagrado, fechado por todos os lados por poderosas fronteiras. Nesse recinto não se deixava morrer nenhum dos enfermos vindos para consultar o deus.
As florestas mais veneradas da Grécia eram a de Neméia, na Argolida, onde se celebravam, em honra de Hércules, os Jogos Nemeus, e a de Dodona, em Epiro, onde por um favor de Jupiter, os carvalhos divulgavam oráculos.

O carvalho, mais especificamente o Quercus robur, ficou sucessivamente associado a Júpiter e na mitologia nórdica a Donar-Thor, sempre o deus dos raios e trovões. É o signo basal da astrologia celta, onde o nome druida, semelhante ao termo grego para carvalho sagrado, drus, significa sabedoria da árvore.





Pan, Júpiter, Ceres,Diana



O deus Pã, assim chamado, diz-se, da palavra grega pã, que quer dizer tudo, era filho, segundo uns, de Júpiter e da Ninfa Timbris; segundo outros, de Mercúrio e da Ninfa Penélope. Dizem outras tradições que era filho de Júpiter e da ninfa Calisto, ou talvez do Ar e de uma nereida, ou finalmente, do Céu e da Terra. Todas esses diversas origens tem uma explicação, não só no grande numero de deuses com esse nome, mas ainda nas múltiplas atribuições que a crença popular emprestava a essa divindade. O seu nome parecia indicar a extensão do poder, e a seita dos filósofos estóicos identificava Pã com o Universo, ou ao menos com a natureza inteligente, fecunda e criadora.
Mas a opinião comum não se elevava a uma concepção tão geral e filosófica. Para os povos, o deus Pã tinha um caráter e uma missão sobre tudo agreste. Se, em tempos mais remotos havia ele acompanhado os deuses ao Egito na sua expedição das Índias, se tinha ele inventado a ordem de batalha e a divisão das tropas em ala direita e em ala esquerda, o que os gregos e os latinos chamavam os cornos de um exercito, se era por essa razão que o representavam com chifres, símbolo da sua força e da sua invenção, a imaginação popular, tendo logo restringido e limitado as suas funções, o havia colocado nos campos, entre os pastores e os rebanhos.
Era principalmente venerado na Arcádia, região de montanhas, onde proferia oráculos. Em sacrifico, ofereciam-lhe mel e leite de cabra. Celebravam-se, em sua honra, as Lupercais, festas que depois se espalharam na Itália, para onde o árcade Evandro levou o culto de Pã. Representam-no ordinariamente muito feio, com os cabelos e a barba descuidados, com chifres, corpo de bode da cintura para baixo, enfim, pouco diferente de um fauno ou de um sátiro. Muitas vezes, empunha um cajado e uma flauta de sete tubos que se chama flauta de Pã, porque se diz que foi ele o inventor, graças à metamorfose da ninfa Sirinx em juncos do Ládon.
Viam-no também como o deus dos caçadores; quando ia à caça, mais do que animais ferozes era o terror das ninfas a quem perseguia com os seus ardores amorosos. Está sempre de emboscada atrás dos rochedos e das moitas; para ele o campo não tem mistérios. Foi por isso que descobriu e revelou a Júpiter o esconderijo de Ceres, depois do rapto de Prosérpina (Perséfone).
Pã foi muitas vezes confundido na literatura latina com Fauno e Silvano. Muitos autores os consideravam como uma só divindade com diferentes nomes. As Lupercais eram mesmo celebradas em tríplice honra desses gênios. Entretanto, Pã é o único de quem se fez alegoria e que foi considerado como um símbolo da Natureza, conforme a significação do seu nome. Os chifres representam os raios do Sol; a vivacidade de sua tez exprime o fulgor do céu; a pele de cabra estrelada que usa sobre o estomago representa as estrelas do firmamento; enfim, os seus pés e as suas pernas, eriçados de pêlos, designam a parte inferior do mundo, a terra, as árvores e as plantas. Seus amores suscitaram-lhe rivais, às vezes perigosos. Um deles, Bóreas, quis arrebatar violentamente a ninfa Pítis, que a Terra, condoída, metamorfoseou-se em pinheiro. Eis a razão por que essa árvore, conservando ainda, dizem, os sentimentos da ninfa, coroa Pâ com a sua folhagem, enquanto o sopro do Bóreas excita os seus gemidos. Pâ também foi amado por Silene, isto é, a Lua, ou Diana, que para ir visitá-lo nos vales e nas grutas das montanhas, esquece o belo e terno dorminhoco Endímion.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

O Fogo, Prometeu, Pandora, Epimeteu




O culto do fogo, entre todos os povos da antiguidade, seguiu imediatamente ao que se tributou ao Sol e a Júpiter, isto é, ao astro cujos raios benéficos aquecem e iluminam o mundo, e ao raio que rasga a nuvem, açoita a Terra, consome a natureza viva e espalha ao longe a consternação e o terror. Evidentemente, os primeiros homens, cujos olhares se dirigiam com medo e admiração para os fogos celestes, não tardaram também em reparar com espanto nos fogos da Terra. Seria possível que deixassem de admirar a chama dos vulcões, as fosforescências, os gases luminosos, os fogos-fátuos dos pântanos, a incandescência produzida pelo atrito rápido de dois pedaços de madeira, a fagulha que surge do choque de duas pedras? Entretanto, o fogo não lhes parecia ter sido feito para o seu uso; era um elemento do qual a divindade possuía o segredo, e que ela se reservava como um privilégio precioso. Como captar esses focos de calor e de luz, colocados a uma tal altura, sobre as suas cabeças, ou tão misteriosamente soterrados aos seus pés? Aquele que primeiro conseguisse o fogo não podia ser a seus olhos um simples mortal, mas um titã, um êmulo atrevido e feliz da divindade, ou por assim dizer, um verdadeiro deus. Tal foi Prometeu. Filho de Jápeto e da oceânida Clímene, ou segundo outro, da nereida Ásia, ou ainda de Têmis (Justiça), irmã mais velha de Saturno. Prometeu (cujo nome em grego quer diz “previdente” ) não foi só um deus industrioso mas também criador. Notou ele que entre as criaturas vivas nenhuma havia capaz de descobrir, de estudar, de utilizar as forças da Natureza, de comandar os outros seres, de estabelecer entre eles, a ordem e a harmonia, de se comunicar com os deuses pelo pensamento, de compreender, pela sua inteligência, não somente o mundo visível, mas ainda os princípios e a essência de todas as coisas: e do limo da terra, formou o homem. Minerva, admirando a beleza da sua obra, ofereceu a Prometeu tudo quanto pudesse contribuir para a sua perfeição. Com conhecimento, Prometeu aceitou a oferta da deusa, mas acrescentou que, para escolher o que criara, era preciso que ele próprio visse as regiões celestes. Minerva arrebatou-o ao Céu, donde ele só desceu depois de haver roubado aos deuses, o fogo, elemento indispensável à industria humana. Diz-se que esse fogo divino que Prometeu trouxe para a Terra era do carro do Sol, e que ele o escondeu na haste de uma férula, que era um bastão oco. Irritado com tão audacioso atentado, Júpiter ordenou a Vulcano que forjasse uma mulher dotada de todas as perfeições, e que a apresentasse à assembléia dos deuses. Minerva revestiu-a com uma túnica de ofuscante brancura e lhe cobriu a cabeça com um véu e com grinaldas de flores, sobre as quais colocou uma coroa de ouro. Quando estava acabada, Vulcano levou-a ao Olimpo com as suas próprias mãos. Todos os deuses admiraram essa nova criatura, e cada um quis fazer-lhe o seu presente. Minerva ensinou-lhe as artes que convém a seu sexo, entre as outras, a de fiar. Vênus espalhou em torno dela o encanto como desejo inquieto e os cuidados fatigantes. As Graças e a deusa Persuasão ornaram a sua garganta com colares de ouro. Mercúrio deu-lhe a palavra com a arte de persuadir os corações com falas insinuantes. Tendo, enfim, os deuses feito cada qual os seus presentes deram-lhe o nome de Pandora (do grego pan, “tudo”, e doron, “don”.) Quando Júpiter, deu-lhe uma caixa hermeticamente fechada, dizendo-lhe que a levasse a Prometeu. Este desconfiado de alguma armadilha, não quis receber nem Pandora nem o cofre, e recomendou a seu irmão Epimeteu que nada recebesse da parte de Júpiter. Mas Epimeteu (cujo nome em grego significa “o que reflete demasiadamente tarde”) só julgava as coisas depois dos acontecimentos. Ao ver Pandora, esqueceu todas as recomendações fraternas, e tomou-a por esposa. A caixa fatal foi aberta e escaparam-se todos os males e todos os crimes que desde então estão espalhados pelo Universo. Epimeteu quis fechá-la, mas não havia mais tempo. Só conseguiu reter a esperança, que estava quase a desaparecer, e que permaneceu no cofre escrupulosamente fechado.
Júpiter, enfim, furioso Prometeu não tivera sido logrado com esse artifício, ordenou a Mercurio que o conduzisse ao Monte Cáucaso e que o amarrasse a um rochedo, onde uma águia, filha de Tífon e de Equidna, devia devorar-lhe eternamente o fígado. Dizem outros que esse suplicio só devia durar trinta mil anos.
Segundo Hesíodo, Júpiter não se serviu da ajuda de Mercúrio; mas amarrou, ele mesmo, sua desgraçada vítima, não a um rochedo mas a uma coluna. Fê-lo entretanto libertar por Hércules, pelos seguintes motivos e condições: depois da sua punição, tendo Prometeu pelos seus avisos impedido a Júpiter de galantear a Tétis, porque a criança que dessa união nascesse havia de destroná-lo um dia , o pai dos deuses, por gratidão, consentiu que Hércules o fosse soltar. Mas, para não violar o seu juramento de que nunca o libertaria, ordenou que Prometeu havia de usar sempre no dedo um anel de ferro com um fragmento de rocha do Cáucaso engastada, para que de qualquer modo fosse verdade que estivesse para sempre preso a essa montanha.
Em Ésquilo, é Vulcano quem, na qualidade de ferreiro dos deuses, encadeou Prometeu no Cáucaso, mas foi gemendo que obedecia a ordem de Júpiter, pois muito lhe custava usar de violência para com um deus da sua raça.
Entre os atenienses, a fábula de Prometeu era popular; divertiam-se em contar mesmo às crianças as engenhosas malícias por esse deus feitas a Júpiter. "Pois não tivera ele, com efeito, a idéia de experimentar a sagacidade do senhor do Olimpo, e de verificar se na verdade ele merecia as honras divinas?" Assim se conta que, em um sacrifício, Prometeu fez matar dois bois, e encheu uma das duas peles com a carne e a outra com os ossos dessas vítimas. Júpiter foi enganado e escolheu a segunda pele, o que fez tornar-se ainda mais impiedoso na sua vingança.
Em Atenas, Prometeu tinha os seus altares na Academia, ao lado dos que eram consagrados às Musas, às Graças, ao Amor, a Hercules e outros. Não se podia esquecer também que Minerva, protetora da cidade, fora a única das divindades do Olimpo que admirara o gênio de Prometeu e o ajudara na sua obra. Na festa solene das Lâmpadas _ Lampadodromias – os atenienses associavam nas mesmas honras Prometeu, que furtara o fogo celeste, Vulcano, senhor engenhoso dos fogos da Terra, e Minerva, que dera o azeite de oliveira. Por ocasião dessa festa, os monumentos públicos, as ruas, as encruzilhadas eram iluminadas: instituíam-se jogos e corridas com fachos como nas festas de Ceres. A mocidade ateniense reunia-se à tarde perto do altar de Prometeu, ao clarão do fogo que ainda ardia: a um sinal dado, acendia-se uma lâmpada que os pretendentes ao prêmio da corrida deviam levar, sem apagá-la, correndo a toda velocidade, de um a outro extremo do Ceramico.
Sendo o fogo considerado como um elemento divino, é natural que tivesse um lugar em todos os cultos e em quase todos os altares. Um fogo sagrado ardia nos templos de Apolo, em Atenas e em Delfos, no de Ceres, em Mantineia, de Minerva e mesmo de Júpiter. Nos pritaneus de todas as cidades gregas, alimentavam-se lâmpadas que nunca deviam extinguir-se.
Imitando os gregos, os romanos adotaram o culto do fogo, que confiaram aos cuidados das vestais. Nos dias de núpcias, em Roma, tinha lugar uma cerimônia curiosa e simbólica: ordenava-se à recém-casada que tocasse no fogo e na água. “Por que,” – observa Plutarco. É porque entre os elementos de que se compõem todos os corpos naturais, um deles, o fogo, é masculino, e a água é feminino, visto que um é o principio de movimento, e outro a propriedade de substancia e de matéria? Ou será porque o fogo purifica e a água limpa, e que é preciso que a mulher permaneça pura e sem mácula durante toda a sua vida?”

domingo, 11 de outubro de 2009

Águia, Prometeu, Pandora, Fogo


Prometeu era descendente dos primeiros Titãs. Seu nome significa “o previdente”, aquele que vê antes. Tinha um irmão gêmeo, Epimeteu, que significa aquele que vê depois. Como viu que Zeus venceria a batalha contra os titãs, resolveu ficar do lado dele e ganhou o direito de ir e vir do Olimpo. No entanto, sentia rancor pelos destruidores da sua raça e procurava favorecer os homens sempre que podia. Um dia Prometeu enganou Zeus, que ficou furioso com ele. Por castigo, decidiu privar os homens do uso do fogo. E Prometeu foi condenado a viver na Terra, entre os humanos que ele tanto protegia. Sem fogo, os homens começaram a passar frio e fome. Prometeu, então, pediu ajuda à deusa Atena, sua protetora, para que o ajudasse a entrar secretamente no Olimpo. A deusa, que havia lhe ensinado as artes da Arquitetura, da Astronomia e da Cura, que ele transmitiu à humanidade, mais uma vez o ajudou. Ao chegar ao Olimpo, ele acendeu uma tocha no carro de fogo do Sol, levou-a para a Terra, escondida num caule oco de árvore, e a entregou aos homens.
Zeus então resolveu se vingar pedindo a Hefestos, o ferreiro, que criasse uma mulher de barro. Os quatro ventos sopraram vida nela e todos os deuses a enfeitaram. Chamava-se Pandora. Ela foi mandada como presente de Zeus a Epimeteu, o irmão de Prometeu. Mas, avisado pelo irmão para não aceitar o presente de Zeus, ele recusou a mulher. Zeus, então, acorrentou Prometeu, nu, no alto da montanha do Cáucaso, onde, dia após dia, um abutre vinha bicar-lhe o fígado que à noite se refazia, tornando o sofrimento interminável. Epimeteu, alarmado com a sorte do irmão, aceitou casar-se com Pandora. Ela abriu uma caixa que Prometeu tinha advertido para deixar fechada, onde, com muito esforço, ele havia aprisionado todas as pragas que poderiam atormentar a Humanidade: Velhice, Fadiga, Doença, Insanidade, Vício e Paixão. As pragas fugiram numa nuvem e atacaram a raça humana. A tímida Esperança, entretanto, retida na caixa, impediu, com suas mentiras, que os homens cometessem suicídio coletivo.O impulso de ajudar a humanidade, presente em Prometeu, é próprio de Aquário. Prometeu redime a humanidade da escuridão da ignorância, ensinando as artes e as ciências. A perda do direito de usar o fogo simboliza a perda do direito à razão, ao conhecimento e à liberdade. Prometeu, como um perfeito aquariano, identifica-se com o seu grupo - a humanidade - e se preocupa com seu bem-estar e desenvolvimento, ensinando-lhe tudo que aprende com a deusa Atena. Ele se arrisca para dar aos homens o fogo criativo, mas, do ponto de vista dos deuses, ele comete um pecado. Muitas vezes, quando o ser humano faz qualquer esforço rumo à elevação da consciência, ele também sente que está cometendo um pecado; que está entrando no território dos deuses.

Águia, Escorpião, 8 a. Casa e a Nossa Capacidade de Transformar




O mito de Prometeu, inseparável da questão da origem do fogo, situa-se entre os mais antigos e universais, pois encontramos seus equivalentes na mitologia indiana, germânica, céltica, eslava. O fogo significava a inteligência e a sabedoria, fazendo com que os homens se diferenciassem dos animais. Além de ser indispensável ao cozimento dos alimentos, o fogo teria sido inicialmente confundido com o próprio alimento. Zeus, que era o deus máximo, ao assumir o governo do universo, pretendeu manter a humanidade numa situação semelhante a dos animais. Porém, Prometeu rouba uma parte do fogo divino, trazendo-o para os homens, que com isso passam a ser capazes de pensar. Zeus furioso resolve se vingar. E como castigo Prometeu é acorrentado a uma montanha (Monte Cáucaso), onde uma águia (abutre) diariamente irá devorar o seu fígado, considerado pelos antigos o órgão mais importante do corpo, pois representava a vida. Porém o fígado, tem a capacidade de se regenerar (e os antigos já sabiam disso) , e Prometeu jamais morrerá, vivendo o seu suplício eternamente.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

O Significado dos Signos Astrológicos

Áries, é o carneiro de lã de ouro (tosão de ouro) imolado a Júpiter e transportado ao firmamento.

Touro, é a forma do animal que Júpiter toma para raptar a Europa, ou, segundo alguns, foi Io que Júpiter arrebatou ao céu depois de have-la metamorfoseado em novilha.

Gêmeos representam naturalmente Castor e Polux.

Câncer
(caranguejo) foi o animal que Juno enviou contra Hércules, quando este combateu a hidra de Lerna e pelo qual foi mordido no pé; Hércules porem matou-o., e Juno o colocou entre os signos.

Leão, representa o leão da floresta de Nemeia, estrangulado por Hércules.

Virgem, segundo alguns é Erígona, filha de Icario, modelo de piedade filial; segundo outros, é Astréia, ou a Justiça, filha de Temis e de Júpiter. Ela desceu do céu durante a idade de ouro, mas os crimes dos homens, tendo-a obrigado a abandonar sucessivamente as cidades e depois os campos, regressou ao céu.

Libra, ou balança, símbolo da equidade, representa a própria balança da Justiça, ou de Astreia.

Escorpião, o oitavo signo que por ordem de Diana, picou vivamente no calcanhar o orgulhoso Órion.

Sagitário
, metade homem, metade cavalo, empunhando um arco e atirando uma flecha é Quiron, o centauro, ou segundo outros, é Croco filho de Eufeme, ama das Musas. Seria um dos intrépidos caçadores do Parnaso. Depois de sua morte, a pedido das Musas, foi colocado entre os astros.

Capricórnio é a famosa cabra Amaltéia, que amamentou a Júpiter. Esta colocada entre os astros com os seus dois cabritos.

Aquário
é Ganimedes, arrebatado ao céu por Júpiter; outros, porem, dizem que é Aristeu, filho de Apolo e de Cirene, pai de Acteon, devorado pelos seus cães.

Peixes, que formam o duodécimo signo do Zodíaco, são os que trouxeram no seu dorso Vênus e o Amor. Fugindo à perseguição do gigante Tífon, ou Tifoe, Vênus, acompanhada por seu filho Cupido, foi transportada para alem do Eufrates por dois peixes que, por esse motivo, foram colocados no céu. Diz-se também que essa constelação representa os delfins que conduziam Anfitrite a Netuno; este, reconhecido, obteve de Júpiter um lugar para eles no Zodíaco.

O Zodíaco (do grego Zódion, pequeno animal) é o espaço do céu que o sol parece percorrer durante o ano. É dividido em doze partes, onde estão as doze constelações que se chamam os signos do Zodíaco.